segunda-feira, 6 de julho de 2009

Trabalho infantil permanece em descompasso com os direitos infanto-juvenis

O artigo 69 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) declara que o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, sob o aspecto de respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Enraizado na cultura trabalhista, o trabalho infantil apresenta-se contrariamente à determinação da lei e manifesta-se de forma mascarada nas pequenas e grandes cidades do país.

As formas de trabalho infantil partem da execução de atividades domésticas penosas, da colheita na agricultura de subsistência, do trabalho exaustivo nas pedreiras e carvoarias, do comércio e mendicância nos transportes coletivos e sinais de trânsito e, mais recentemente, da contravenção no tráfico de drogas.

Em entrevista por telefone, a assistente social da Prefeitura Municipal de Aracaju responsável pelo matriciamento técnico para o protocolo de diretrizes no combate ao trabalho infantil do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador Anísio Dário, Maria da Conceição Balbino, justificou o porquê do trabalho infantil se perpetuar nas sociedades com ênfase ao trabalho doméstico e ainda tratou de algumas medidas públicas de combate a esse crime.

“O trabalho infantil ainda permanece em nossa sociedade dita civilizada por interessar a muitas pessoas. Essas pessoas são até cidadãos de bem que não têm a percepção de que o trabalho infantil atrapalha o desenvolvimento e impede que a pessoa cresça em um meio social adequado com saúde, educação e lazer indicados à faixa etária. Por isso, a sociedade precisa tomar como sua as medidas acertadas do governo para que o combate ao trabalho infantil seja efetuado”, disse.

Sobre o trabalho doméstico, a assistente social reflete a saída de adolescentes do seio familiar para o trabalho em casas de famílias mais abastadas como uma questão cultural e de expectativas dos pais em melhorar de vida.

“O trabalho doméstico é uma das piores formas de camuflar o trabalho infantil, uma vez que não é percebida pela sociedade como trabalho. Geralmente, crianças e adolescentes saem do interior para trabalhar em ‘casas de família’ como babás, ficando desprotegidas de todos os riscos conseqüentes desse trabalho e muitas vezes os vínculos familiares são enfraquecidos e até eliminados”, destacou.

MEDIDAS DE ERRADICAÇÃO - Segundo Maria da Conceição, uma das medidas governamentais que vem dando certo no combate ao trabalho infantil é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).

“Percebo o PETI como uma medida pública que funciona e referenda o papel do governo na erradicação do trabalho infantil. Através desse programa, meninos e meninas em situação de trabalho são recuperados da ‘infância roubada’ e talvez não se tornem futuros profissionais adoecidos por terem entrado cedo no mercado de trabalho. Essa política vem dando certo e é preciso que a sociedade tome para si a medida”, refletiu.

O PETI - Compõe o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e apresenta duas ações, com o serviço socioeducativo ofertado para crianças e adolescentes afastadas do trabalho precoce e a transferência de renda para suas famílias.

O objetivo do PETI é contribuir com a erradicação de todas as formas de trabalho infantil no país , atendendo famílias cujas crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos se encontrem em situação de trabalho.

12 DE JUNHO – Instituída a data, o Dia Mundial de Combate à Exploração do Trabalho Infantil é celebrado com o objetivo de mobilizar a sociedade e chamar a atenção para a realidade de grande parte de crianças e adolescentes oriundos de famílias de baixa renda que enfrentam uma rotina dura de trabalho.

domingo, 5 de julho de 2009

Crime contra a humanidade

Depois de cinco meses de investigação, o Fantástico e o Jornal da Globo exibiram de 31 de maio a 2 de junho a reportagem Meninas do Brasil.

Fruto do trabalho dos repórteres Francisco Regueira, Alberto Fernandez e Paulo Renato Soares, Meninas do Brasil comprovou que a exploração sexual é um problema grave na região Norte do país, em especial na cidade de Portel, município esquecido no estado do Pará.

Lá, ficaram constatados o tráfico e a exploração sexual de adolescentes como meios recorrentes de se ganhar dinheiro com a sexualidade.

Através de apurações, relataram-se a história e o crime hediondo de uma mulher chamada Edina dos Santos Balieiro, que ofereceu a um homem envolvido na investigação a sua filha por APENAS quatro cervejas (o equivalente a 10 reais) e, em outro momento, a combinação de venda dessa filha por 500 reais.

Após o primeiro dia de exibição da série no Jornal da Globo, a Edina dos Santos foi presa e, muito provavelmente, responderá de quatro a dez anos de prisão pelos crimes de exploração sexual e venda da filha.

Na matéria, além de flagrar aliciadores, foram ouvidos os depoimentos de vítimas e representantes da Justiça a exemplo da relatora da CPI da Exploração Sexual, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e do chefe da Defensoria Pública da União/Pará, Anginaldo Oliveira Vieira, que muito contundemente criminalizaram a exploração sexual de crianças e adolescentes e as maneiras de se tirar vantagens com a sexualidade humana.

O difícil de aceitar na reportagem são as declarações da delegada do Departamento de Atendimento à Criança e ao Adolescente da cidade, em que diz não se surpreender com a notícia, uma vez que acontece em todo o país.

Engolindo a seco, vejo de forma inaceitável a apatia da delegada e de qualquer representante da Justiça ou do Poder Público quando afirmam apenas ser uma prática costumeira, não apresentando soluções de combate ao crime e respondendo com um estúpido “infelizmente”.

De modo ridículo, o prefeito de Portel surge no final da reportagem declarando não ser de competência dele o assunto investigado. O que é LAMENTÁVEL tanto para ele como figura pública quanto para a população de Portel, que o elegeu representante!

O assunto repercutiu no país e obteve bons resultados com a prisão de Edina Oliveira e do aliciador Idaías Vilarinho de Souza, mostrado na matéria intermediando a negociação de programas.

Certamente os repórteres prestaram um grande serviço à sociedade e puderam encerrar o trabalho com ar de dever cumprido. Vale relembrar o fato!

Links para reportagem:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1177597-15605,00.html
http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1180634-16021,00-MAE+QUE+QUERIA+VENDER+A+PROPRIA+FILHA+POR+R+E+PRESA.html

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